domingo, 10 de janeiro de 2010

Por uma interação verdadeira

Muitas questão foram levantadas durante esse período de preparação para viagem a Alter do Chão. O projeto que prevê uma interação estética, financiado pelo Ministério da Cultura, exige de nós uma postura crítica em relação a cada ação desenvolvida, cada gesto, cada forma de comunicação.
Uma experiência estética é diferente em cada lugar onde ela acontece. Em São Paulo vivemos cercados de informação, espetáculos, outros artistas. Em Alter do Chão a realidade é outra: um lugar de exuberante paisagem, com algumas dificuldades em relação ao acesso cultural. Nossa experiência em 2008 no projeto Circo em Alter, contemplado pelo prêmio Carequinha (também financiado pelo MINC- Funarte) nos trouxe a possibilidade de conhecer a realidade da vila.
A vila de Alter do Chão é um distrito do município de Santarém, no oeste do Pará, e está localizada a 32 KM deste.  Hoje ainda é presente o plantio de mandioca para fazer a farinha e demais derivados como o Tucupi, também o cultivo de frutas típicas e a pesca para o consumo próprio. No entanto, a sua principal atividade econômica é o turismo. A maioria dos moradores é de poder aquisitivo baixo, pois não tem uma renda fixa, esta varia durante o ano segundo o fluxo turístico. As famílias são consideradas pobres segundo os critérios do Ministério do Desenvolvimento Social, com renda per capita de até 50 reais mensais.
Segundo o último levantamento da prefeitura em 2005, população desta Vila é de 5000 habitantes e é considerada uma população jovem. Os dados que dispomos são do município de Santarém, onde 37% da população são crianças -0 a 14 anos- e 30% jovens -15 a 25 anos-   (IBGE 2000) , o que significaria em números absolutos em Alter de Chão aproximadamente 3.500 crianças e jovens.
         A falta de infra-estrutura prejudica o processo de desenvolvimento econômico e sócio- cultural desta região. Fazendo uma média dos dados colhidos no IBGE referentes aos municípios de Santarém e Belterra, percebe-se que é precário acesso a saneamento básico (88,5% dos moradores possui apenas fossa rudimentar ou vala), serviços de água potável (apenas 28,4% da população tem acesso à rede geral de distribuição de água), coleta e tratamento do lixo doméstico (81,6% do lixo é queimado ou enterrado na propriedade). O índice de desenvolvimento humano (IDH) do vizinho município de Belterra é 0,64 e de Santarém é 0,57,  enquanto o IDH nacional é de 0,76  (IBGE 2000).

E nas áreas de cultura e lazer não é diferente. São pouca oferta de esporte, lazer e educação. As festas são momentos importantes de confraternização, mas também trazem algumas questões que precisam ser cuidadas como o uso abusivo de álcool. Entre os jovens e adultos há uma grande incidência de alcoolismo.
É fundamental a construção de espaços de educação, esporte, cultura e lazer, direito de todo cidadão e em especial das crianças e adolescentes, que têm crescido na região a partir da ação de diversas entidades.
Nesse contexto, as questões de um processo de residência artísticas devem e precisam estar antenadas à essa realidade e suas necessidades. Ao mesmo tempo, como não comprometer a liberdade do processo de criação do grupo, sem ter que estar aliado a um projeto social ou político?
Nós também somos aquilo que vemos e sentimos.
A experiência estética que propomos se dá em forma de residência artística, com o oferecimento das técnicas trabalhadas por cada um do grupo em formatos de oficinas. O livro Princesas Esquecidas e Desconhecidas, especialmente com o recorte da princesa Roma Manuche, é utilizado como tema para essa imersão.

2 comentários:

  1. Gente... que trabalho colorido!! Parabéns pelos rastros de sonho que estão deixando por aí!!!
    Beijos
    Mariana Dorsa

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  2. Nossa moçada!!!
    Bacana .Isso é que é noção!!!
    Parabéns!!!!

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